Guck mal, Irani!
Olhe, estes são Spix e Martius!

— Sim, Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius! Já os reconheci dos livros.
Eles são cientistas muito importantes. Vieram com a comitiva científica da princesa Leopoldina de Habsburgo. Sabia que ela se casou por procuração com o D. Pedro I?

— Exatamente, genau. Vieram com Johann Christian Mikan (líder do grupo, mas teve que retornar por motivos de saúde), Johann Emanuel Pohl (fez pesquisas em Minas Gerais e Goiás e retornou) e Johann Natterer (zoólogo que coletou muitos animais e plantas e permaneceu 18 anos no Brasil). A equipe se completa com os artistas Johann Buchberger e Thomas Ender.

Johann Baptist von Spix (esquerda) e Carl Friedrich von Martius (direita)

Animais da América tropical

Prancha da obra Flora Brasiliensis

Em São Paulo, Martius e Spix visitaram a Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, onde nasceu Francisco Adolfo de Varnhagen, o futuro visconde de Porto Seguro, pai da historiografia brasileira. 

— Que equipe completa! Li que Martius e Spix viajaram pelo interior de São Paulo, por Villa Rica, que hoje é Ouro Preto e era a capital de Minas Gerais na época. Depois foram para Diamantina, passaram pelo sertão de Minas Gerais até o rio São Francisco. E foram até Salvador! Imagina isso, Arabella!

Ja, sim. Depois fizeram um trecho bem sofrido da viagem: caminharam pela Caatinga até Juazeiro. Passaram por Pernambuco, pelo Piauí, e foram até São Luís do Maranhão. Recuperaram-se das doenças e do cansaço da viagem. De veleiro, subiram até Belém do Pará. Finalmente entram e viajam pelo majestoso rio Amazonas. E então se separam: Spix vai subir o rio Solimões até o Peru e a Colômbia. Martius irá para o rio Japurá.

— É impressionante. Os dois conheceram o Brasil mais do que a grande maioria dos brasileiros!

— E não é só isso: nesses três anos, coletaram:

6.500 amostras de plantas, 

85 mamíferos, 

350 aves, 

130 anfíbios, 

116 peixes, 

2.700 insetos, 

diversos instrumentos musicais e outros objetos etnográficos. 

—Sim. Ainda levaram para a Europa dois jovens indígenas para apresentar ao público europeu. Primeiro, fico imaginando o que esses jovens pensaram da viagem. Depois, não me parece nem um pouco humano levar pessoas a um outro país como se fossem meros objetos científicos…

— Com todo esse material coletado, uma outra equipe, na Europa, trabalhou por 66 anos, publicando-se a famosa obra Flora Brasiliensis, até hoje um compêndio essencial das plantas do país.

Princesa Leopoldina de Habsburgo

Dona Leopoldina, da Áustria para o trono do Brasil
Documentário de longa-metragem, realizado em 2018, sobre a trajetória da Arquiduquesa da Áustria, Imperatriz Maria Leopoldina (1797-1826), esposa de Dom Pedro I.
O filme se dá através das cartas de D. Leopoldina e apresenta um panorama do processo de independência, além de mostrar também as impressões da Imperatriz sobre um país tropical e trazer um relato íntimo da depressão que foi tomando conta dessa grande personagem da nossa história. Baseado no livro D. Leopoldina – A história não contada (editora LeYa), o filme conta com depoimentos dos historiadores Paulo Rezzutti, Mary Del Priore, Valdirene Ambiel e Dimas Oliveira Junior.
Assista ao documentário no YouTube: 

Johann Natterer

Mapa das viagens de Johann Natterer e Johann Baptist Emanuel Pohl pelo Brasil. [Acervo Scientific Figure on ResearchGate].
Johann Natterer (1787-1843) foi um viajante-naturalista e explorador austríaco que participou como zoólogo da expedição austríaca ao Brasil, em conjunto com Spix e Martius. Ele morou por cerca de dezoito anos no Brasil e teve uma grande importância na coleta de espécimes que hoje estão nos museus espalhados pela Áustria. O morcego Myotis nattereri (morcego-de-franja) recebeu esse nome em homenagem ao naturalista.

Thomas Ender

Thomas Ender (1793-1875) foi um importante artista austríaco que se dedicou à pintura de paisagem com aquarela. Ender integra-se, na função de artista, à equipe da expedição austríaca ao Brasil, chegando aqui em 1817, a convite da princesa Leopoldina. Em conjunto com Debret e Rugendas, Ender compõe a tríade dos notáveis artistas viajantes que retrataram o Brasil no século XIX.

Ver mais em: [Thomas Ender. In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa11773/thomas-ender>. Acesso em: 3 jun. 2019. Verbete da Enciclopédia.]